quinta-feira, 12 de março de 2015

Sobre Sir Terry Pratchett

Hoje faleceu meu autor favorito da vida.

Sir Terry Pratchett.




Estou triste. Muito triste. Até comprei um ovo de oitenta reais da Kopenhagen pra me sentir melhor enchendo a cara de chocolate. Não deu muito certo ainda.

Não sei o que escrever sobre isso, sendo bem sincero.

Mas eu tinha que escrever alguma coisa. Às vezes bate um nervoso, um impulso estranho que eu sinto vontade de escrever, mas normalmente eu consigo contê-lo usando minha depressão, meus videogames, a internet e similares. Só que desta vez eu não quis conter o impulso. Quero dizer, quis, usando chocolate e internet, mas a Bruna me deu um empurrãozinho pra eu largar mão e escrever.

Então aqui estou, escrevendo sobre meu autor favorito da vida.

O autor que é meu objetivo enquanto escritor. Sério, meu sonho é algum dia virar “tão bom quanto a sujeira da unha do dedão do pé esquerdo de Sir Terry Pratchett, o que dá mais ou menos 6.328 Paulos Coelhos”.

Até por isso que eu tenho que escrever mais.

Mas não estou com vontade de comentar a vida e obra dele, até porque eu não conhecia ele tão bem assim e ainda não li todos os livros dele. Outros vão escrever mais, melhor e com mais propriedade sobre isso.

Nesse caso, o que posso falar sobre ele?

Acho que só que tem uma coisa que só eu e a Bruna podemos falar sobre: quando conhecemos ele na New York Comic Con.

Era o segundo dia da feira, 12 de outubro de 2012 (obrigado, meta-data da foto que tiramos). Teve uma palestrinha/entrevista com ele na parte da manhã no pior pseudo-auditório do evento, e me lembro claramente de não ter conseguido ouvir 80% do que ele falou.

Esse palquinho estava num dos galpões, onde circulava muita gente, era uma barulheira danada.

Eu sabia da doença, não sabia que nível ela estava, mas ele parecia bem, visto de longe.

Só que o mais importante veio no final da tarde, quando ele foi para o setor de autógrafos.

Chegamos, pelo que eu me lembro, uns quarenta minutos antes de começar a sessão de autógrafos dele, e já tinha uma fila respeitável. Mas valia a pena esperar, já que estamos falando do Terry Pratchett. Sir Terry Pratchett, desculpa.

Essa era a fila à nossa frente…

Da experiência na fila, só me lembro de três coisas: um, que ela estava bem mais lenta que as demais filas de autógrafo, dois, que ela era a maior fila de autógrafo que a gente viu em todo o evento (provavelmente porque era o Sir Terry Pratchett. E ele estava autografando de graça - para quem não sabe, a maior parte dos artistas cobra pelo autógrafo) e três, que demorou tanto que ainda estávamos na fila quando deu a hora do evento fechar - estavam desmontando as coisas no saguão, os outros artistas já tinham ido embora e o lugar já estava meio vazio. Mas, pelo que um dos staffers falou, Sir Terry Pratchett queria receber todo mundo que tinha ficado na fila.

…e esta era a fila pra trás da gente. Não, ela não chegava até aquela escada no fundo, mas era bem grande mesmo assim.

Quando estava chegando nossa vez, percebi o porquê de demorar tanto: ele estava tirando fotos com todo mundo. Muito legal, não? Só que eu também reparei outra coisa: ele não estava autografando nada. Estavam distribuindo um adesivinho com o autógrafo dele, e fiquei meio encucado com isso, até cair a ficha: ele não estava mais conseguindo assinar por causa da doença. Conversei com uma das moças que estava organizando a fila (e que eu fico tentando lembrar se era a filha dele, a Rhianna Pratchett, mas provavelmente não era) e ela confirmou: ele realmente não conseguia mais dar autógrafos, e até por isso que ele queria tirar foto com todo mundo.

O adesivo com o autógrafo dele. Não tive coragem de grudar em nada até agora, e provavelmente não terei mais para grudar em lugar nenhum.

Finalmente chegou a nossa vez, cumprimentamos ele, falamos que tínhamos vindo do Brasil, o que surpreendeu ele um pouco, e comentei que tinha ficado difícil conseguir comprar os livros dele em português porque a editora que publicava os livros dele tinha falido (olhando agora, em retrospecto, parece que eu falei que a editora faliu por ter publicado os livros dele… devia pensar mais antes de falar), e a resposta dele foi ótima:

– They are better in English anyway.

Traduzindo, para quem não entendeu: “Eles [meus livros] são melhores em inglês mesmo.”

A foto ficou ruim, mas estávamos lá, e é isso o que importa.

Desde então, continuei minha coleção do Discworld em inglês, e por mais que eu pene um pouco em alguns momentos, estou conseguindo ler os livros. Não sei dizer se eles são mesmo melhores em inglês, já que eu não li nenhum dos livros dele nas duas línguas pra falar com propriedade, mas posso dizer, com toda certeza, que os livros dele são espetaculares não importa a língua.

Portanto, se você nunca leu nada do Sir Terry Pratchett, vá ler. Agora. Isto é uma ordem.

Se quiser uma sugestão, comece com “A Cor da Magia” ou “Belas Maldições”. Sim, “Belas Maldições” é escrito junto com o Neil Gaiman, mas dá pra sentir como é o humor de Sir Terry Pratchett.

Quanto a mim, eu tenho que escrever mais. Senão como é que eu vou ficar tão bom quanto a sujeira da unha do dedão do pé esquerdo de Sir Terry Pratchett? Quem sabe, se eu me esforçar bastante, meus textos cheguem no nível da cera de ouvido que fica bem no fundo e nunca sai com o cotonete de Sir Terry Pratchett.

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