quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Projetando minha vida em "Frozen"

Olá. Neste post, vou falar de “Frozen”. Então, para quem não viu, aqui vai o aviso: spoilers.

Muito bem, comecemos introduzindo o tema deste post: “Frozen” é, para mim, uma história sobre depressão. A Elsa seria a depressiva e a Anna a pessoa que “resgata” ela, dentro do possível.

Ok, claro que não é uma história sobre depressão. Óbvio que não. É uma metáfora sobre você aceitar quem você é e aprender a gostar de si mesmo, entre outros temas. Mas eu assisti o filme numa época mais instável da minha própria depressão a acabei projetando minha própria vida/doença na personagem da Elsa. E depois, toda análise de qualquer coisa é um ser humano projetando a própria vida em tal coisa e achando significado onde não há nenhum, então me deixa em paz. Aliás, tenho certeza que pessoas com problemas psiquiátricos diferentes do meu poderiam fazer um paralelo do próprio problema e a Elsa, assim como consigo, sem muito esforço, fazer paralelos do filme com Jesus (ela anda na água) ou com o 4chan (trolls arruinam a infância de uma menina).

Enfim, esse post vai ser eu explicando essa minha leitura do filme, ligando o que acontece com a Elsa com minha própria experiência com depressão. Além de uns comentários sobre alguns detalhes do filme que eu achei que poderiam ter sido melhor trabalhados, pois por mais que eu tenha gostado do filme (gostei mesmo, acreditem, ele não é um “Man of Steel”), fiquei com a sensação geral de que ele morreu na praia. Talvez por conta dessa minha projeção toda na história, talvez por conta do hype todo nas internets me influenciando, talvez por ele realmente morrer na praia.

Ou seja, este post vai ser quase que nem ir ao lugar mais feliz da Terra COMIGO! Yay!

Muito bem, vamos lá então.

Vamos começar com a maldição da Elsa. Ela não é a depressão. Ela simplesmente é algo que faz parte dela. Não se explica daonde ela veio nem porquê ela está lá, mas eu acredito que a maldição não é a depressão/doença dela.

A depressão está lá junto com a maldição. E, quando a menina sofre um trauma, a depressão dela, digamos, engata.

E o trauma não foi machucar a irmã.

Sim, machucar a irmã daquele jeito foi um trauma, mas não foi, na minha opinião, o que realmente faz a depressão da Elsa explodir.

O trauma verdadeiro foi o modo como os adultos (e trolls) trataram o machucado da irmã.

Sério, vamos olhar a reação das pessoas, começando com o troll ancião (vamos chamá-lo de pseudo-terapeuta-provavelmente-um-pedagogo-tosco-da-escola, ou PTPUPTDE) lá decide que o melhor modo de proteger (começa por aí, PROTEGER) a Anna da Elsa é modificar as memórias dela para ela não se lembrar dos poderes da irmã.

Só eu acho isso o fim da picada?

Imagina você ouvir que uma pessoa que você ama precisa ser protegida de você. Porque você é um perigo para ela. Mesmo que você tenha o potencial de ser perigoso para essa (ou qualquer outra) pessoa, ouvir isso com todas as palavras quando você é criança de um adulto não é legal, para dizer o mínimo.

E qual a solução que o PTPUPTDE apresenta? Fazer essa pessoa que você ama esquecer parte de quem você é. Num paralelo tosco e exagerado, é fazer uma lobotomia numa criança para ela esquecer que sofreu bullying na escola.

Só que os pais, pessoas esclarecidas que são, percebem como isso é um absurdo e ficam do lado da filha mais velha, porque ela é quem ela é e isso que importa.

Claro que não.

Os pais vão e jogam mais merda no ventilador, escondendo a Elsa da Anna e do resto do reino, ensinando a ela durante ANOS que quem ela é é um horror, algo que precisa ser escondido ATÉ DA PRÓPRIA IRMÃ.

Antes de parecer que eu estou falando que isso não devia estar na história, não é isso que eu estou falando. Só estou julgando os acontecimentos, mas os roteiristas podem contar a história que bem entenderem.

Recapitulando: a Elsa machucou a irmã, um “especialista” (ou seja, uma figura de autoridade, uma vez que os próprios pais respeitavam o PTPUPTDE) diagnosticou o problema como sendo ela mesma e os pais foram nessa e esconderam ela do mundo.

Não tem criança que não traumatize com isso.

Essa parte dos pais esconderem ela, inclusive, pode ser um paralelo com diversas outras coisas (não quero dar exemplos para não passar alguma mensagem dúbia ou errada), onde quem você é é uma fonte de vergonha/medo para os próprios pais.

Assim definimos qual foi o trauma que deu o kickstart na depressão da Elsa. Mas, antes de continuarmos com ela, vamos falar um pouco sobre os pais e sobre a Anna.

Sim, por mais que eu tenha pintado os pais delas como uns monstros insensíveis, eu sei que eles só estavam querendo ajudar. Estavam fazendo o melhor que podiam. Assim como é parte de ser pai traumatizar os filhos. Existe até o argumento de que nessa época em que a história se passa, o fato dos pais não terem queimado a menina numa fogueira os tornam os pais do ano.

E, como argumento supremo defendendo os pais, eu não tenho filhos, logo não sei como eu reagiria nessa situação.

Mas que eles jogaram mais merda no ventilador, eles jogaram.

Quanto à Anna, existe uma questão que tenho que comentar antes de continuar: “E porque a Anna não ficou depressiva também?”

Afinal de contas, ser excluída pela irmã por toda a juventude não é legal, assim como ser proibida de sair de casa.

Muito bem, vou tentar responder isso do modo mais claro possível: a Anna é a Anna e a Elsa é a Elsa. A Anna se traumatizou com a irmã? Sim. Mas ela não é a Elsa, ela provavelmente não tem a mesma depressão que a irmã.

Isso é uma coisa que, imagino eu, muita gente deva ter dificuldade de entender. Eu sei que eu tenho, por mais que eu sempre me esforce para tentar ver isso. Mas a verdade é: pessoas diferentes encaram os problemas que a vida apresenta de maneiras diferentes, e algumas pessoas, como a Elsa (de acordo com a minha projeção toda sobre o filme) têm depressão, dificultando ainda mais o modo como elas encaram os traumas da vida.

Estou falando isso por dois motivos: o primeiro, para admirarmos a Anna, que soube se manter otimista em relação à irmã, mesmo sendo excluída por ela, e segundo, para não compararmos a reação das duas perante problemas que a vida apresentou para elas.

Quero dizer, elas parecem diferentes. Sou descendente de japonês, não sou muito bom diferenciando caucasianos.

Muito importante essa segunda parte, pessoas. Cada um tem seus próprios problemas, os encara de maneiras diferentes e têm dificuldades e facilidades em aspectos específicos para si.

Deu pra entender? Espero que sim, que não sei explicar melhor.

Continuando. Vamos para a coroação da Elsa, assim como a introdução do outro tema de “Frozen”: “não tenha pressa de se apaixonar”.

Acho que não tem muita discussão quanto a esse ser um dos verdadeiros temas de “Frozen”, então vou falar rapidamente dele: a Anna era uma jovem sonhadora que, fascinada pelas histórias exageradas de príncipes encantados que a Disney alimentou ela durante toda a vida, não via a hora de conhecer seu príncipe encantado e viver feliz para sempre com ele. Só que ela quebra a cara mais pra frente no filme, descobre que o “amor da vida dela” era um escroto e que havia um cara melhor, o segundo cara que ela conheceu no dia.

Tirando o sarcasmo do parágrafo anterior, eu realmente achei bom a Disney reconhecer num filme de princesa que a vida não é feita de “amores à primeira vista”. Sério, isso é algo importante, e espero que continue melhorando. Até está num caminho bom, tivemos a Merida que ficou solteira e a Vanellope que abdicou do trono para instaurar uma democracia presidencialista (eu sei que isso não tem nada a ver com se apaixonar, só queria falar da Vanellope) (aliás, spoilers de “Brave” e “Wreck-it Ralph”, ops). Só sei que se voltar para a coisa de “amor à primeira vista” vou ficar um tanto decepcionado.

E mesmo esse tema do “amor verdadeiro” da Anna volta para ser trabalhado com o tema que só eu vejo, a depressão da Elsa. Aliás, voltemos a ele.

A coroação foi basicamente o segredo da Elsa vindo à tona e as pessoas ficando com medo dela, como se ela fosse um monstro. O que a faz fugir de tudo.

Vou fazer agora um (outro) paralelo um pouco (muito) forçado em relação a essa seqüência, usando por base uma tendência natural do cérebro humano aplicada à mente depressiva: o viés de confirmação (confirmation bias em inglês, link para a wikipedia em inglês por razões óbvias).

O viés de confirmação possui alguns aspectos diferentes, mas o que me interessa aqui é a tendência de interpretarmos diversos fatos que acontecem de modo a confirmar nossa opinião, ao invés de enxergarmos a possibilidade de estarmos errados. O melhor exemplo que me ocorre agora, infelizmente, tem a ver com política: pessoas de posições políticas diferentes podem ver um mesmo evento e torná-lo algo pró-seu-ponto-de-vista. Como, digamos, um protesto na rua contra aumento de passe, que um conservador pode ver como algo contra o partido que se encontra no poder e um simpatizante do socialismo pode ver como algo contra o sistema capitalista.

Muito bem, o que isso tem a ver com a Elsa? Nada. O que acontece com ela é real. Os maiores medos dela meio que se tornam realidade - nada do que aconteceu foi ela enxergando o que não ocorreu apenas para confirmar o medo mais profundo dela, o de que ela realmente é um monstro. As pessoas realmente ficaram com medo dela.

Mas não consegui deixar de projetar minhas neuras nessa seqüência toda e ver como eu fico que nem ela quando passo por uma crise mais trash e começo a achar que todos os meus medos são reais e as pessoas à minha volta estão confirmando todos eles. Basicamente, meu cérebro começa a enxergar tudo à minha volta como uma prova definitiva e irrefutável de que sim, eu sou um fracasso e nunca deveria ter nascido (numa versão simplificada do que eu penso, é um pouco mais complexo que isso). Dá vontade de fugir e se isolar de tudo.

O que nos leva à próxima parte da história.

A Elsa realizando um dos sonhos de todo depressivo/psicopata/ser humano: fugir, se isolar e finalmente ser o monstro que acredita ser, mandando tudo à merda.

E essa seqüência é, acredito, catártica para qualquer um. Se libertar de quem você passou a vida tentando ser e viver do jeito que você entender. Melhor que isso, se libertar cantando. Sem contar os olhares cartoon smexy #27 e cartoon smexy #48 que ela faz quando canta que o frio nunca a incomodou.

Cuidado para não confundir com o “olhar Dreamworks”.

Não tenho muito o que dizer sobre a “libertação” dela no momento. Vou ter o que dizer quando percebemos, mais pra frente, que ela não se libertou de verdade.

Mas, primeiro, vou comentar sobre uma coisa que me incomodou profundamente na cena anterior à música, que é a da Anna saindo do reino e deixando tudo nas mãos do príncipe Hans.

Sério que ninguém nativo do reino achou problemático deixar as coisas nas mãos dele? Sério mesmo?

Essa é a hora que eu senti falta de um personagem “regente que governou enquanto a Elsa não atingia a maioridade”. Não faz o menor sentido não existir esse personagem. A não ser que você, roteirista da história, precise despistar o espectador das verdadeiras intenções do Hans, fazendo uma cena onde ele aparenta cuidar da população e se preocupando com a Anna, saindo atrás dela, e a existência de tal regente provavelmente estragaria esse plano de enganar a audiência.

Porque se esse personagem existisse, a Anna deixaria ele responsável pelo reino, e não haveria desculpa para o Hans não ir com ela atrás da Elsa. O que atrapalharia ela conhecer o Kristoff, etc, etc, deu pra entender meu argumento.

Enfim, voltemos a quem interessa: a Elsa.

Não sei quanto a vocês, mas o filme devia ter mostrado mais ela no castelo sozinha, paralelamente à jornada da Anna. Nem estou falando isso para encaixar mais ela nessa minha leitura/projeção, mas porque eu senti que ficou esse vácuo estranho onde ela aparentemente ficou sentada olhando pra parede esperando a história voltar a focar nela. Sério, mostrava ela dormindo numa cama de gelo que já era o bastante, com ela acordando quando ouve a porta abrindo com a Anna.

Se bem que eu fiquei pirando numa cena alternativa dela sozinha no castelo.

Ok, vou partir de um pressuposto que consigo ver muita gente discordando, mas que, para mim, é verdade: o ser humano, no final das contas, é um bicho social. Ele não precisa necessariamente socializar com outros humanos, mas acredito piamente que, depois de um tempo, começamos a querer interagir com outros seres vivos.

“Mas a Elsa é diferente”, diz você, pessoa fictícia que sempre destrói meus argumentos, “ela está acostumada a ficar sozinha e a se distrair pensando no quanto ela é horrível e um perigo para todos.”

Verdade. Mas isso, além de alimentar minha leitura de que ela é depressiva, também poderia ser tratado como algo que ela deixou pra trás, pois ela não tem mais com quem se preocupar. Ela mesma canta sobre isso, no verso “foda-se o que eles pensam”.

Só que eventualmente ela ia começar a se sentir sozinha.

O que me traz à cena que eu pensei: a Elsa criando outras criaturas de neve para passar o tempo.

Seria um modo dela voltar à outra época em que ela era livre, antes do troll e os pais proibirem ela de ser quem ela é. O que geraria então uma seqüência sobre esquizofrenia bem legal.

Porque, não sei se vocês lembram, ela consegue CRIAR VIDA. Então, nessa minha versão dela sozinha no castelo, ela não apenas cria os bonecos como eles começam a falar com ela. E ela não tem certeza se eles realmente estão falando ou se é ela enlouquecendo. Ia ser melhor ainda se deixássemos o Olaf para esta cena ao invés de apresentá-lo na jornada da Anna, pois assim a própria audiência ficaria na dúvida da sanidade dela.

Se alguém quiser reclamar da mudança de cor da luz, vai ver o filme frame-a-frame e encontrar imagens melhores, que eu desisti no meio do caminho.

No final das contas, ela realmente cria vida e os bonecos falavam com ela, porque magia. Até ia ser interessante cada boneco representar algum sentimento dela, assim como o Olaf representa o amor que ela sente pela irmã e o Marshmallow o medo que ela tem das pessoas e o desejo de ficar sozinha.

Aliás, pequena observação sobre o Olaf: ele foi uma das grandes surpresas do filme para mim, pois quando eu vi o trailer eu fiquei muito “ai, que bosta de mascote alívio cômico, a Disney tá cada vez mais Dreamworks”, mas ele é bem legal. Acho que é o fato dele ser realmente inocente e levemente tonto que o diferencia, chega de mascotes alívio cômico cínicos ou “personalidade-chata-prankster-que-americano-adora-e-eu-acho-altamente-desagradável”.

Talvez eu goste mais dessa versão esquizo da Elsa só para encaixar ainda mais a minha leitura de “Elsa têm problemas psiquiátricos”, mas ela é melhor que a cena que tem no filme. Que é nenhuma.

Acho que os criadores de “Frozen” queriam evitar confundir os espectadores sobre quem é o personagem principal da história, que é a Anna. Mas, se esse realmente foi o caso, essa foi uma decisão infeliz, porque depressiva ou não, mais Elsa no filme só ia ajudar.

Enfim, chega de fanficar, criando cenas que não existem no filme. Vamos para a que, para mim, é a seqüência mais demonstrativa (tá certa essa expressão?) da depressão da Elsa: quando a Anna chega no castelo.

A Elsa afastar a irmã por conta de finalmente encontrar a própria liberdade não é, em absoluto, um comportamento depressivo. Acho que é até uma coisa humana, querer ficar numa situação de liberdade e rejeitar a alternativa, mesmo que a alternativa venha de uma pessoa que você ama.

Para mim, a parte que mostra a depressão da Elsa, e que é como eu fico quando estou depressivo, é quando ela descobre que o reino congelou e faz aquela cara de “nada do que eu faço dá certo, só sirvo mesmo para arruinar a vida dos outros”. Essa é a hora que vemos que ela não conseguiu se libertar completamente, e que ela ainda tem um senso de responsabilidade (e afeto) por Arendelle.

De qualquer maneira, o que acontece em seguida é muito significativo, pois é um certo resumo de como eu encaro a minha relação com algumas das pessoas mais próximas a mim: elas estendendo a mão, tentando me ajudar, e eu machucando elas.

Acho que foi nessa hora que eu realmente fiquei fascinado com o filme, pois me identifiquei muito com a situação da Elsa. A Anna querendo ajudar e tudo o que a Elsa pensava era “ninguém pode me ajudar, eu só arruino tudo, quero que tudo suma”, ferindo a irmã e em seguida criando um modo de afastar as pessoas (o Marshmallow). Não sei explicar, mas foi muito o apogeu do filme para mim.

E, como todo bom apogeu, em seguida temos a queda.

Depois dessa cena, o filme meio que se perdeu um pouco, na minha opinião. Acho que o primeiro motivo são os ewoks, quero dizer, os trolls.

A seqüência toda da Anna visitando os trolls e a música de como o Kristoff é um partidão me cansou profundamente. Não sei porque, mas cansou. Achei que foi “explicação demais”. Sim, nós já entendemos que o Kristoff vai ficar com a Anna. Por mim, agilizava o processo e conversava logo com o PTPUPTDE para avançar a história. Mas acho que eles queriam vender brinquedos dos trolls.

E temos o ataque à Elsa em seguida. Sinceramente, não tenho muito o que dizer sobre ela. Basicamente, a história precisava da Elsa de volta ao reino, então a história levou a Elsa de volta ao reino. E não estou criticando, só analisando pragmaticamente.

Na verdade, uma observação que eu tenho é que me pareceu que o duque de Weselton e seus capangas foram criados unicamente para essa cena, e mesmo assim eles não são tão necessários assim. Ok, criaram uma ceninha de ação com a Elsa lutando com eles para gerar a cena dela ameaçando matar eles, mas essa cena podia ser de “n” outras maneiras, talvez com a Elsa ameaçando o próprio príncipe Hans ou os guardinhas que o acompanham. Afinal, ela está passando por muito stress nessa hora, não ia ser estranho ela estar tremendamente reativa e, ao se sentir ameaçada, acabasse perdendo um pouco as estribeiras com todo mundo, levando à fala que queriam que o príncipe falasse: “Não se torne o monstro que temem que você é”. Mas acho que precisavam de um “vilão escancarado” para despistar do “vilão surpresa”.

Falando no vilão surpresa, temos então a grande revelação de que o príncipe Hans estava enganando a Anna, que ele é o verdadeiro vilão da história e etc e tal, assim como o Kristoff e a Anna entendendo os próprios sentimentos. Ou seja, o outro tema da história, o “não tenha pressa de se apaixonar”.

E também temos o desenrolar final da história da Elsa, com ela fugindo da prisão e sendo perseguida pelo príncipe mau, com ele culpando ela pela morte da irmã.

Essa hora foi tensa. Faz o “Noooooooooo” do Darth Vader ainda mais patético e ralo, deu pra ver bem a Elsa desmoronando.

Aí chegamos na resolução de tudo, onde o amor entre irmãs, um amor tão verdadeiro quanto o de amantes (costurando os dois temas do filme), salva o dia, com a Anna se sacrificando pela Elsa.

Ok, aqui eu tenho outra reclamação. É óbvio que eu tenho uma reclamação.

O “amor” resolveu tudo rápido demais.

Sim, o “amor” é lindo e é o Deus ex Machina mais comum da história, mas que foi meio “thbpbpthpt” em “Frozen”, foi.

E aqui temos Calvin, re-encenando o final de “Frozen” 

A minha reclamação, vejam bem, não é que o amor resolveu tudo. Mas sim que ele resolveu tudo rápido demais. Faltou um pouco de Hollywood, eu achei. Um pouco mais da Elsa e a Anna de mãos dadas enquanto a Elsa resolvia tudo, sei lá.

Basicamente, eu queria que ficasse mais meloso. E com um pouco mais de Anna. O que é muito estranho, sendo que eu passei esse texto inteiro babando em cima da Elsa. Aliás, o propósito original deste post era falar de como a Elsa é um personagem mais interessante que a Anna, mas mudei de idéia no processo.

Mas acho que isso tem a ver, em grande parte, com a minha projeção na história toda e a visão que eu tenho de depressão em geral, não só da minha.

Eu acho que não é o tipo de coisa que a pessoa só descobre o amor e melhora. Eu acho que é o tipo de coisa onde a pessoa perceber que as pessoas que ela ama e estão ao lado dela vão ficar do lado dela é um passo para ela melhorar. É um processo que vai aos poucos, com altos e baixos no caminho.

Nesse sentido, podemos considerar esse um “alto” da Elsa, mas ainda assim, queria que a mensagem fosse mais completa, mostrando mais como a Anna vai estar do lado da Elsa quando ela precisar. É isso que eu quero dizer com “faltou Anna” no final, e que eu achei que o filme morreu na praia. Se tivesse uma troca de olhar mais profunda, ou mesmo uma certa cara receosa por parte da Elsa seguido da Anna segurando a mão dela, eu já me dava por satisfeito. Mas, do jeito que ficou, achei que deu a sensação de que a Elsa simplesmente se tocou que “ei, amor existe!” e consertou tudo. E depressão não é tão simples assim.

Só que, como já falei, “Frozen” não é uma história sobre depressão. Eu só fiquei projetando tudo. Essa minha última reclamação nada mais é que o fato de “Frozen” não ser exatamente a história que minha cabeça estava criando e ser “só” a história que resolveram contar, e é uma boa história.

Mas talvez isso que torne uma história boa: as pessoas conseguirem se relacionar com ela de diversas maneiras e em diversos níveis. Falem o que quiser da Disney, mas eles conseguem fazer esse tipo de boa história.

Ok, nem sempre.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Sem Assunto


Olá. Feliz ano novo.

Fazem quase seis meses que eu não atualizo esta merda. Que vergonha. Devia ter deixado quieto e desistido. Mas, como eu sou brasileiro, eu não desisto nunca.

AHAHAHAHAHAHAHA.

"Não desiste nun… HAHAHAHAHAHAHA, puta merda, que hilário."

Pronto, acho que eu estava precisando dar umas risadas.

Enfim. Este blog. Sei lá, depois de uns dois meses sem atualizar, fiquei tentando forçar assunto, e não conseguia escrever nada. Daí desisti. Tentei de novo outras vezes, mas não rolava assunto.

Ou melhor, até apareciam assuntos, mas eu não conseguia ver propósito em escrever nada. Começava a me auto-boicotar e desistia.

Mas, sei lá porquê, hoje, dia primeiro de janeiro de 2014, uma e trinta da madrugada, me deu vontade de escrever. Pro blog.

Que eu não tenha parado de escrever, fiquei vivendo uma mentira deslavada onde eu escrevia algo. Um livro.

AHAHAHAHAHAHAHA.

"Ei, não é tão engraçado assim. Podem parar. Por favor."

Pronto, podem parar de rir também.

Não vou mais tocar neste assunto até segunda ordem. Vamos fingir que é que nem o verdadeiro Seymour Skinner, ok? Ok.

Enfim, chega de manha e mimimi (piada do link não é idéia minha, estou me apropriando, obrigado autor-original-desta-piada-você-sabe-quem-você-é). Vamos ao assunto deste post.

Que, por mais que ele se chame “Sem Assunto”, ele tem um assunto sim.

Ou melhor, vários. Basicamente, vou escrever tudo o que me vier na telha, celebrando a virada de ano e lembrando este ano que se vai. Vamos lá:

  • Este ano tem copa. Estarei torcendo de verdade para uma final Brasil x Argentina, com a Argentina campeã. Continuarei torcendo, em seguida, para que surja uma revolta tão grande na população que os protestos decorrentes desse desastre consigam destruir um dos maiores símbolos de corrupção e coronelismo do Brasil, a CBF. Se bem que, no fundo, o principal motivo é pela piada. Que ia ser hilário. Argentina campeã. No Brasil. Não fica melhor que isso.

  • Ainda falando de futebol, vocês sabiam que a maior torcida “específica” de futebol do Brasil é “Nenhum”? Sério. Explicando melhor: Se considerarmos a torcida de cada clube do país, separadamente, e considerarmos as pessoas que não têm time como uma torcida, a maior torcida do Brasil é “Nenhum”. Vou extrapolar um pouco e afirmar que a maior torcida de futebol do Brasil é "Não gosto de futebol". Desde que eu descobri isso tenho pensado em criar uma coisa chamada “Não Gosto De Futebol Clube”, que seria o time para as pessoas que não gostam de futebol dizerem que torcem. Imagino que seria o pastafarianismo do futebol, se é que vocês me entendem. Uma piada-crítica.

Logo que eu criei em meia hora. Cinco minutos pesquisando vetores prontos, cinco montando eles no Illustrator e vinte me martirizando por não saber medir o nível certo de breguice necessária. Se alguém com mais capacidade quiser fazer um melhor, por favor, vá em frente.

  • Ainda sobre esportes, não sei explicar porquê, mas ver as notícias sobre o Schumacher em sites ““““““sérios”””””” como o UOL chamando ele de Schumi me dá vontade de chutar o monitor. Soa como se estivessem tratando ele como uma aidoru, a Schumi-chan.

Bons pesadelos para vocês também.

  • Mudando de assunto, uma coisa que todo final de ano eu fico retardadamente obcecado e profundamente irritado e é algo completamente estúpido são as listas de “melhores games do ano”. Eu até consigo entender, num nível racional, que é só a opinião de um grupo de ““““““““““jornalistas”””””””””” de games que trampa num site qualquer, mas ainda assim eu me irrito com certas escolhas. Ou certos jogos que deixaram de ser escolhidos. Normalmente é a segunda opção. O pior é que, muitas vezes, eu começo a torcer para jogos que eu nem joguei. Por exemplo: “The Last of Us”. É o jogo não-Nintendo que eu estou, sinceramente, torcendo para ganhar todos os prêmios, a não ser que seja para perder para Super Mario 3D World ou The Legend of Zelda: A Link Between Worlds. Só que eu não joguei TLoU (mas joguei Mario e Zelda, obviamente). Ele sequer é o tipo de jogo que me atrai muito. Sei lá, acho que se leva a sério demais, e é muito marrom e cinza. Nesse sentido, acho até que eu devia torcer para “Bioshock Infinite” (outro que não joguei), já que ele tem alguma paleta de cores. Só que TLoU é uma série nova, que assumiu certos riscos e tem uma proposta que consigo admirar num jogo. Só por isso, torço para ele. Ou para “The Stanley Parable”. Ou “Papers, Please”. Outros que não joguei.

  • Tendo dito isto sobre Mario, Zelda e TLoU, o melhor jogo que eu joguei neste ano que se passou foi “Fire Emblem: Awakening”. Ele é muito “o jogo feito para o Vitor”. Estratégia de turno com elementos de RPG e onde é possível casar com os personagens e criar relacionamentos entre eles? E ainda por cima o jogo não se leva a sério, tendo diálogos leves e bem-humorados, mas trabalhando as relações dos personagens de tal modo que cria episódios altamente emotivos? Melhor jogo de todos os tempos.

  • Depois de falar de um jogo que gostei para caralho, um que me decepcionou horrores: “Tales of Xillia”. Como já falei antes, uma das minhas séries de games favoritas da vida é Tales. E “Tales of Xillia” tem tudo o que eu gosto na série: combate em tempo real, gráficos cel-shading imitando anime, personagens tontos porém adoráveis e uma história apocalíptica exagerada, épica e absurda. Só que tem um enormantesco problemaço: a história da Milla. Seguinte: alguém teve a fantástica (sem sarcasmo) idéia de fazer um Tales com dois personagens principais (o Jude e a Milla) e permitir ao jogador escolher qual ponto de vista ele quer seguir na história. Fantástico. Brilhante. Porém, alguém esqueceu de ESCREVER A PORRA DA HISTÓRIA DE MODO A FAZER COM QUE OS DOIS PONTOS DE VISTA FUNCIONASSEM DIREITO. O que eu quero dizer com isso é que eles escreveram a história pensando no Jude e depois ficaram inventando adendos e apêndices para costurar uma pseudo-história para a Milla. Tanto é assim que um personagem secundário morre e você, pobre jogador que resolveu escolher jogar sendo a Milla, só descobre isso ATRAVÉS DE UM RECORDATÓRIO. Sendo que tem a cena da morte de tal personagem na história do Jude. E adivinhem com quem resolvi jogar? Exato. Logo, toda vez que acontecia alguma coisa na história que era muito descaradamente um tipo de tapa-buraco para fazê-la funcionar do ponto de vista da Milla, eu ficava irritado. O que foi, mais ou menos, 87% do tempo.

  • Continuando com coisas que me decepcionaram, concluí que o filme que mais desgostei em 2013 foi mesmo “Man of Steel”. Já falei sobre isso, mas devo acrescentar que pensei mais de uma vez em expandir o que escrevi com mais críticas (o começo, em Krypton, ao contrário do que eu falei, não é bom. É uma bosta). Nossa, como esse filme é lamentável. Num ano que teve (e eu assisti) “A Good Day to Die Hard” e “Star Trek: Into the Darkness”, eu encontrar algo pior é uma proeza. Parabéns, “Man of Steel”.

  • Se bem que eu não vi “After Earth”. Acho que mesmo eu tenho um mínimo de senso de auto-preservação.

  • Tendo dito isto, o meu filme favorito do ano, foi, disparado, “Pacific Rim”. Robôs gigantes lutando com monstros gigantes. Minha criança interior chorou de emoção o filme inteiro. E, antes de me julgarem, lembrem-se que eu gosto de coisas que não se levam a sério. E meu filme favorito da vida é “Wayne’s World”.

  • Ainda lembrando este ano que se foi, voltei a assistir anime, e tenho uma recomendação: “Kill la Kill”. Da mesma “escola” que “FLCL” e “Gurren Lagann”. É espetacularmente sensacional. E, como não podia deixar de ser, não se leva a sério.

  • Saindo um pouco de assuntos nerds e indo para um dos últimos assunto que tratei neste blog antes do meu hiato, uma coisa que têm me irritado desde o início dos protestos: o termo “coxinha”. Não faz sentido. Não. Faz. O. Menor. Sentido. Para começo de conversa: é uma comida popular. Se ainda quisessem chamar a elite conservadora de “caviar” ou “foie-gras” ou ainda “escalopinhos de vitela wagyu ao molho de cogumelos silvestres com vinho rosé e salpicados de ervas finas”, tudo bem, mas “coxinha”? Vai se foder. E sim, eu pesquisei a origem (afinal, como é difícil procurar as coisas no Google), e dentre as várias que encontrei (aparentemente não há um consenso) a mais repetida origina ela do termo “vale-coxinha” usado por policiais (e professores públicos) para designar o vale-refeição que recebiam do governo. Ou seja, era algo para simbolizar a miséria do trabalhador brasileiro. Enfim, com o tempo, o apelido de “coxinha” pegou nos policiais, já que eles, teoricamente, só se alimentavam de coxinha. Com os seus vale-coxinha. E, como a elite intelectual esquerdista brasileira é muito esperta, ela afiliou o apelido dos policiais ao conservadorismo direitista. Por que isso faz sentido, aparentemente. Lição de casa do dia: refletir sobre o papel da polícia (tanto o teórico quanto o que ela realmente exerce no Brasil) e se ela necessariamente representa a “direita”. Valendo ponto no boletim.

E assim, eu aqui nomeio pessoas de esquerda de "brioches", porque contexto histórico que se foda.

  • Já que estamos falando de coisas sérias e política e etc e tal, este ano tem eleição. Provavelmente vou dizer para mim mesmo que vale a pena estudar os candidatos e fazer um voto consciente, provavelmente vou desistir no meio do caminho e votar em qualquer coisa mesmo. Na verdade, acho que minha maior curiosidade é ver o quanto o desempenho do Brasil na copa vai influenciar a campanha dos políticos. Quero acreditar que somos melhores que isso, mas não duvido que apareçam comerciais como “Dilma trouxe o hexa” no caso de vitória e “Dilma humilhou o futebol brasileiro” no caso de derrota.

Pronto, acho que está bom. Fechei um círculo, voltando a falar da copa. E também tô cansado e agora realmente acabou o assunto. Quero ir dormir.

Bom ano pra vocês.