terça-feira, 29 de novembro de 2011

Se for falar mal, fale mal com propriedade.

Voltando às minhas teorias de como me portar em relação a tudo o que falo aqui no blog, resolvi levantar uma questão que eu acho muito importante: falar mal com propriedade.

Fazer isso é muito simples: basta você REALMENTE ver/ler/ouvir/vivenciar a obra da qual você quer falar mal.

Não vale ler resumo ou ver trailer, se for pra falar mal você TEM que ver a merda, de preferência do começo ao fim.

Isso vale mesmo para as obviedades unânimes.

Por exemplo: Tuailáiti. É uma merda? Acredito que sim. Posso dar certeza? Não, pois não li nem assisti. Vi os memes, peguei alguns trailers, ouvi a opinião de quem leu e gostou, de quem leu e não gostou e de quem não leu e não gostou. Até trombei com um caso de “leu e gostou mas não gostou dos filmes”.

Ainda assim, essas pessoas não são eu, não posso dizer se vou gostar ou não do romântico conto de uma garota colegial dividida entre o cara que chupa bem e o cara do sexo animal.

Lógico que posso tomar como base o que eu gosto e o que eu não gosto. Há uma grande chance de, no dia que resolver assistir ou ler essa joça, eu a deteste profundamente. Se esse dia chegar, eu provavelmente irei arrancar as minhas rótulas com os dentes e enfiá-las nos meus olhos só para eu parar de ver esse horror e, ao mesmo tempo, amenizar a dor agonizante decorrente dessa experiência.

Esse sorriso é porque a dor passou.

Mas, enquanto esse dia não chegar, não poderei julgar Tuailáiti com propriedade.

Agora outro exemplo, só para mostrar como estou comprometido com essa filosofia de vida.

Dragon Ball Evolution.

É muito, muito, MUITO RUIM. PRA CARALHO.

Um filme sobre coceira nas bolas.

É escrito pelo Paulo Coelho, idealizado pelo Romero Britto e dirigido pelo Hans Donner ruim.

Pensando bem, acrescenta a produção do Michael Bay e a atuação do Steven Seagal na mistura que ainda assim não é tão ruim quanto Dragon Ball Evolution.

E eu, como um grande fã de Dragon Ball que sou, fui assistir NO CINEMA. NA ESTRÉIA.

EU PAGUEI PRA VER ESSA BOSTA.

EU DEI DINHEIRO PARA OS PORRAS QUE FIZERAM UMA DAS MAIORES PORCARIAS JAMAIS IDEALIZADAS PELA RAÇA HUMANA.

E por quê?

Para falar mal com propriedade.

Ah, e como me dá prazer falar mal deste rebosteio cinematográfico. Ele estupra de um jeito tão cretino um dos meus mangás favoritos que eu me encho de raiva só de lembrar do cartaz. Aqui vão alguns pontos que me ofendem profundamente e que consigo me lembrar agora:

- Essa coisa fantástica de tentar fazer ficar parecido com os personagens do mangá mas ainda mantendo no “mundo real”, o que faz o filme inteiro parecer o filho bastardo de uma convenção de cosplayers daltônicos com uma festa de carnaval organizada por pacientes de lobotomia;

- Efeitos especiais made in Paraguai que são piores que os de Changeman e lutas que não chegam aos pés das do Rajini Superstar (aliás, ele devia ter sido o mestre Kame);

- Tentar digerir a história para um público que não conhece o original, fodendo forte com tudo o que os fãs gostam e conhecem. Se bem que os fãs de Dragon Ball já passaram por isso antes.

- Enfiar elementos culturais norte-americanos gratuitamente só para agradar os caipiras do norte do Arizona (estado escolhido randomicamente);

- Lógica Hollywoodiana que consiste basicamente de “faltam peitos, vamos enfiar mais peitos” e, por último,

- Essa tentativa de explicação forçada do Kame-Hame-Ha em que eles misturaram Avatar: The Last Airbender e transformaram a coisa toda em dominação do ar. Tipo, o cara se transforma num macaco gigante e o roteirista se sentiu na obrigação de explicar a energia que eles soltam pelas mãos? Tomar no cu, viu? Olha a cara de “sou foda” do babaca. Quando nasceu, bateu a cabeça na privada. Puta que pariu, como isso me deixa puto. Isso é tão ruim que quase me faz aceitar os Midi-Chlorians. Quase.

Enfim, discorrer sobre essa placenta esmerdeada está me deixando enjoado. E com vontade de ver de novo, só para escrever uma crítica mais profunda, take a take. Melhor parar por aqui.

Para concluir, vou sempre me esforçar ao máximo para falar mal com propriedade das coisas. Todo mundo deveria fazer isso. Mesmo quando o resultado é óbvio. Na melhor das hipóteses, fazer isso é um modo de ganhar uma perspectiva nova sobre o resto da sua vida, além de ganhar um assunto muito divertido para discorrer com os amigos quando quiser descarregar raiva em alguma coisa. Na pior das hipóteses, você gostou da porcaria e ampliou seus horizontes sobre o que você gosta e quem você é.

Só não me vá gostar de Dragon Ball Evolution.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Falácia Highlander.

Não sei quanto à vocês, mas eu, quando criança, lá pela primeira série, era muito fã de bolacha Passatempo. Gostava muito mesmo. Chocolate alpino. Bolacha branca com recheio escuro (em nota não relacionada, isso dá uma boa série de vídeos pornô). Desenhos de animais felizes e coloridos. Muito bom. Fantástico. Do jeito que bolacha deveria ser.

Mas, certo dia, na escolinha, vi um coleguinha com uma bolacha diferente. Trakinas.

Achei aquilo um absurdo. Pra começar, o recheio era rosa. Cor de viado. Com certeza aquele moleque de sete anos de idade ficava chupando pica todo dia depois da aula. Era rosa porque era recheio de morango. Que, como todo mundo sabe, é um recheio ineficiente para o sistema digestivo humano, ao contrário do chocolate alpino - aliás, ele é inferior só de não ter sido concebido nos Alpes Suíços. Sem contar que dlgum designer de bolachas da Kraft metido a artista teve a BRILHANTE idéia de colocar o chocolate na bolacha. “Ai, como sou criativo e revolucionário, mamãe!”. Imbecil. A Nestlé sim sabe o que está fazendo, com sua bolacha tradicional e visionária, que possui o melhor do que há no universo das bolachas recheadas.

Mas o mais nojento era o desenho das bolachas. Cabeças humanas. Obviamente, a Kraft estava tentando agradar ao público canibal. Ou seja, eles só estão olhando para uma minoria da humanidade, uma minoria CRIMINOSA, pois o canibalismo é crime. Nós vivemos em uma sociedade civilizada, que não apóia esse tipo de absurdo. Nós somos o topo da cadeia alimentar e, como tal, devemos demonstrar nossa superioridade sobre os “irracionais”, ingerindo alimentos com reproduções pictográficas deles, para que, assim, eles saibam sempre onde devem ficar. Onde é o lugar deles. NO NOSSO ESTÔMAGO.

Sem contar outros problemas, como a fonte usada para o nome da marca, o formato redondo da bolacha (quadrados com formas arredondadas parecem maiores nas mãos, logo são superiores), a tabela nutricional, enfim, tudo naquela bolacha me revoltava.

Decidido a demonstrar para o mundo que eu, o Glorioso Rei do Correto, estava certo, resolvi escrever uma carta para a revista Exame, listando a total incompetência da Kraft em analisar o mercado de bolachas, e que obviamente a Kraft ia falir por conseqüência de tamanha estupidez concentrada num único produto. O mais legal ia ser quando todos percebessem que eu estava certo e o único meio de fazer bolacha direito é o modo Passatempo. Bolacha branca com recheio de chocolate (uma coisa interracial, tipo Blacks on Blondes, alguém anota aí), e não qualquer chocolate, mas chocolate alpino, num formato quadrado com bordas arredondadas e com desenhos de animais.

Foto resgatada da época.

Vocês acabaram de ver a Falácia Highlander em ação. É um conceito muito simples: “Só pode haver um”. Neste exemplo, só pode haver um tipo de bolacha. E, como vocês devem ter percebido, é um conceito absolutamente estúpido.

Mas, como toda santa estupidez que perdura neste mundo, as pessoas fazem questão de manter essa lógica viva. Principalmente quando relacionado à tecnologia. Quem acompanha esses universos sabem do que eu estou falando, coisas como “o Wii vai ser um fracasso, não possui gráficos HD”. Ou “o Chrome vai vencer a guerra dos browsers”. Ou ainda “O iPad é uma idéia estúpida e não vai vender nada pois não há espaço para esse tipo de gadget, as pessoas não precisam disso.

É uma coisa tão entranhada no mundo da tecnologia (tanto que seu nome é uma referência nerd) que a primeira vez que eu ouvi o termo foi num episódio dos Angry Mac Bastards, e, quando fui pesquisar sua origem, a referência mais antiga que eu achei foi num artigo sobre dois modos diferentes de arquitetura de rede (acho) onde os imbecis ficavam brigando sobre qual era melhor e que a outra devia desaparecer. Aparentemente o criador do termo é um cara chamado Jim Waldo. Ele merece uma salva de palmas.

Se bem que não é uma exclusividade desse universo geek, obviamente. Outros campos de conhecimento humano também são fortemente afetados pela Falácia Highlander.

Onde mais será que só pode haver um?

Voltando à problemática da Falácia Highlander: Ninguém nunca ouviu a frase “o que seria do verde se todos gostassem do azul”? Parece que estou lidando com moleques da primeira série. E sim, parece uma tolice, mas essa frase é verdade. As pessoas tem gostos diferentes e necessidades diferentes, e muitas vezes produtos diferentes resolvem suas vidas.

Mas somos bichos egoístas e com a cabeça enfiada dentro do próprio umbigo. Fodam-se os outros, eu estou certo. É o que todo mundo pensa. Inclusive eu.

Da próxima vez que você ver alguma coisa que parece crônicamente estúpida e de qualidade duvidável, respire fundo e veja se não existe algum tipo de gente que vai achar alguma utilidade para isso. Não fuja para a Falácia Highlander.

Eu tenho toda uma série de teorias para explicar o que leva as pessoas a recorrerem à Falácia Highlander. E eu poderia muito bem explaná-las aqui, mas prefiro ir caso a caso, olhando como as pessoas aplicam ela em diversos campos. Sem contar que assim eu crio temas para mais posts.

Por isso, vou parando por aqui. Já me estiquei demais. Mas eu ainda vou voltar neste assunto. Várias vezes. Até virou tag. [Edição: desencanei da tag] Preparem-se.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A Regra das Duas Fontes.

Olá. Voltei.

Depois de ficar penando horrores batendo a cabeça na quina da mesa (a mesma de antes) tentando escrever sobre coisas nerds como games e gadgets, percebi que tinha que falar sobre outro assunto antes, algo que influencia tudo o que eu tento vomitar como verdade e que me mantém no cargo de Portador da Tocha da Certeza Absoluta: a regra das duas fontes.

É bem básico, na verdade: para qualquer coisa que eu falo ou escrevo ou expresso através de dança performática, eu tenho que ter visto a informação em duas fontes diferentes.

Competição de dança performática de Bom Jesus do Galho, MG, Agosto de 2011

Em outras palavras, muitas vezes eu travo antes de expelir a verdade no mundo porque eu tô me dando ao trabalho de conferir se é verdade mesmo.

De vez em quando vou encontrar só um estudo ou só uma fonte. Nesses casos vou ver a credibilidade da fonte. Por exemplo, acedito mais no site que compila as pesquisas médicas feitas no mundo do que num blog que afirma que o magnetismo cura doenças. Ou seja, tem que ter uma fonte científica por trás.  

Mas não vou, por exemplo, me dar ao trabalho de realizar um estudo com uma amostragem ampla de cobaias só para ter dados estatísticos provando que levar uma porrada no saco dói. Em alguns casos vou usar minha experiência pessoal. Dói.

Também não vou correr atrás de fontes que não estejam na internet, até porque tudo que é publicado hoje em dia vai parar na internet e se não foi ainda é porque já virou informação desatualizada.

E, para provar que eu realmente pesquisei as coisas, vou tentar sempre colocar os links daquilo que eu pesquisei. Quando for o caso de ser baseado numa experiência pessoal, vou deixar atestado como tal. Do tipo “levei uma porrada no saco e, no meu caso, doeu”.

Para finalizar, duas últimas observações: A Wikipedia é sim uma fonte. Eu considero, pelo menos. Se bem que vou tentar ao máximo usar os links que a Wikipedia usa como fonte ao invés dela mesma.

A Bíblia ou qualquer outra publicação religiosa não é fonte de porcaria nenhuma. Só de conselhos mela-cueca de auto-ajuda e preconceitos sem fundamento. E eu achei que tava faltando alguma coisa para causar uma polêmica vazia neste blog. Agora tem.

Enfim, chega de continuar me justificando. Vou tentar postar ainda esta semana o artigo sobre games e gadgets que eu comecei. Até depois.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Olá, Mundo.

Bem, depois de muito tempo, finalmente fiz um blog. Sim, queria entrar nessa novidade. Meu próximo passo: um Yahoo Group. Em seguida, uma página pessoal no Geocities e, quem sabe, consiga fazer minha BBS logo após.

Devo dizer que meu projeto original era fazer um blog em quadrinhos. Até tinha terminado a primeira história, mas percebi que isso dá uma preguiça filha da puta. Tipo, cansa pra caralho ficar arranjando os meus bonequinhos em posição e diagramar balões e etc. Escrever e postar direto é mais fácil e rápido.

Mas, como tudo mais que faz sentido no mundo, resolvi fazer isto aqui direito, de um modo que me dê trabalho e eu fique com preguiça invariavelmente. Ou seja, vocês estão perante uma experiência web 3.0 com elementos multimídia imagéticos que acrescentam à construção diegética do lirismo presente nas minhas dissertações online. Tipo essa parte da minha HQ do projeto original do blog:


Enfim, agora o motivo de fazer um blog, ainda mais um com este nome (ver header). Originalmente ia ser a continuação as minhas antigas colunas “B de Bermuda” que eu tinha no fanzine/blog “Vamos Dominar o Mundo!” com o Calça, onde eu ia NERDar sobre NERDices. Elaborei um pouco mais e acrescentei uma pitada de ódio na lógica do blog: ou seja, ia basicamente reclamar das coisas que eu gosto.

Mas aí percebi o óbvio: TODO SANTO BLOG PESSOAL É ISSO. Deu uma brochada básica.

Algum tempo depois, fui apresentado a essa coisa chamada Tuíter. Me pareceu uma coisa muito estúpida a princípio, um tipo de feira de rua onde as pessoas fazem declarações randômicas em alto-falantes na esperança de chamar atenção para si. Resolvi entrar com um handle piada: @eu_estou_certo. Do tipo, já que todo mundo está lá mesmo para vomitar opiniões e massagear o próprio ego, meu handle ia ser a epítome disso.

Com o tempo, percebi que o Tuíter é mais do que eu pensei a princípio: na verdade, ele é um tipo de feira de rua onde as pessoas fazem declarações randômicas em alto-falantes na esperança de chamar atenção para si e para as coisas que gosta/odeia. E isso é bem mais melhor de bom. Pois assim ficou bem mais fácil espalhar coisas legais, de vídeos bestas a notícias importantes para o mundo, de sites horrorosos feitos na década de 90 a obras de arte que engrandecem a alma e alimentam a esperança na humanidade.

Mas meu handle continuou o mesmo: @eu_estou_certo. Comecei até a me sentir meio infantil, achando que a piada ia se perder e eu só ia parecer um Avassalador Sou Foda Digui Din.

Só que, alguns meses atrás, trombei com um podcast absolutamente fantástico: Angry Mac Bastards. Basicamente são caras urrando revolta contra esse puta monte de merda que retardados mentais que foram recusados para o cast dos Teletubies falam sobre a Apple. É engraçado pra cacete. Isso me animou, me mostrou que é possível vomitar ódio de um jeito engraçado e divertido.

Acrescentando a ele teve o Cracked e o Skeptoid, que me animaram ainda mais a cuspir na cara de quem merece.

Conclusão: resolvi bater o metafórico pau na mesa vestir a camisa de Deus Dourado da Verdade e berrar umas verdades para o mundo.

Photoshop Level 100

Isso quer dizer que eu vou estar certo sempre? Bem, no momento em que eu aperto “Post”, sim, eu estou absolutamente certo, de acordo com a minha opinião. Se eu mudar de idéia, descobrir algo novo ou coisa parecida, faço outro post onde me corrijo. Meu eu do futuro vai sempre estar mais certo que meu eu do passado.

Enfim, chega de me justificar e me explicar. Vocês já entenderam como Equestria surgiu. Quem quiser, continue lendo este blog, que algum dia eu conto como ganhei minha Cutie Mark.